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Produção recorde de pneus em 2013 é puxada pela expansão da fabricação de caminhões e camionetas, além de pneus industriais

 No ano a produção global atingiu 68,8 milhões de unidades, com aumento de 9,77% ante 2012, enquanto as vendas para caminhões e ônibus cresceram 15,2%, para camionetas 20,7%, e os destinados a usos industriais 53% (empilhadeiras, etc.)

“A indústria de pneus estabelecida no Brasil é tecnologicamente muito avançada e vem investindo continuamente para acompanhar o desenvolvimento da indústria de veículos e continuará a fazer investimentos nos próximos anos para atender ao projeto Inovar Auto”, comenta Jean-Philippe Ollier, presidente do Conselho de Administração da ANIP Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, entidade líder do Sistema ANIP, que inclui também a Associação Reciclanip e o SINPEC, Sindicato da Indústria de Pneumáticos, Câmaras de Ar e Camelback. Ele comenta que mais de R$ 10 bilhões estão sendo investidos no período 2007-2015, para acompanhar a evolução mundial do setor e a motorização crescente do país que ocorre com o crescimento da renda. “E vamos investir agora também para implantação do processo de etiquetagem de pneus, que consideramos uma medida muito importante na defesa do consumidor”, acrescenta o presidente do Conselho da ANIP.

Segundo Ollier os investimentos podem ser ainda maiores nos próximos anos, se forem resolvidos alguns aspectos que reduzem a competitividade da produção nacional. “Temos custos maiores no Brasil do que em vários outros países, devido aos aspectos burocráticos, tributários, logísticos e legais, o que transformou a balança comercial positiva até 2010 num déficit recorde em 2013, de US$355 milhões”, diz o Presidente do Conselho da ANIP. “Não somos contra importações, mas temos buscado defender a produção local da concorrência desleal com ações antidumping e de defesa comercial. Também temos atuado junto ao governo para ampliar a fiscalização de modo a evitar importações irregulares ou de produtos em desconformidade com a legislação e as normas de qualidade e segurança. Outro aspecto em que temos insistido é que os importadores cumpram, como nós, a regulamentação sobre o recolhimento e destinação de pneus inservíveis”, adiciona Jean-Philippe Ollier.

O setor, que deu início à produção no país há 80 anos, hoje reúne 11 fabricantes, incluindo a Sumitomo, que inaugurou sua unidade industrial no Paraná em outubro de 2013. “Trabalhamos num mercado muito competitivo, em que cada fabricante busca fornecer às montadoras, e também disputa o consumidor na hora da reposição, por intermédio de uma ampla rede de distribuição, composta por mais de 4.500 pontos de venda”, explica Jean-Philippe Ollier. Trata-se de um setor com mais de 100 mil colaboradores diretos e indiretos nas diferentes áreas. “Somos os maiores consumidores de borracha sintética, borracha natural e alguns produtos químicos que entram na composição do pneu. E temos sentido a falta de uma política mais efetiva para aumentar a produção local, principalmente da borracha natural, um produto nativo do Brasil”, acrescenta Ollier.

Produção e vendas recordes em 2013

Em 2013 foram produzidos 68,8 milhões de pneus de todos os tipos no Brasil, com crescimento de 9,77% sobre a produção de 2012, quebrando também o recorde de fabricação estabelecido em 2010 com a produção de 67,3 milhões de unidades. Adicionalmente à produção local, os fabricantes trouxeram de suas unidades do exterior outros 5,88 milhões de pneus, basicamente para complementar suas linhas de produção com modelos que pela sua demanda não justificam a fabricação local.

“Tivemos um ano excepcional para o setor de carga e camionetas, que apresentar expansão de 15,2% e 20,7% respectivamente, em relação ao ano anterior”, comenta o presidente executivo da ANIP, Alberto Mayer. Ele atribui esse crescimento à nova geração de caminhões, às boas safras e à expansão da área de serviços de pequenas e médias empresas. “Há dois tipos de usuários de camionetas, os que são ou gostam de parecer esportivos, e os que usam como instrumento de trabalho e achamos que os dois segmentos somados impulsionaram as vendas”, diz o presidente executivo da ANIP. Outro setor que apresentou forte dinamismo foi o de pneus industriais, correspondendo ao bom desempenho da construção civil (guindastes, carrinhos e outros equipamentos) e do comércio e importação (empilhadeiras, etc.), segundo Mayer.

As vendas dos associados à ANIP cresceram no total 6,9% em relação a 2012, atingindo 72,6 milhões de unidades, próximo ao recorde de 2010 (73 milhões). O destaque ficou para o mercado de reposição que cresceu 12,6%, passando de 33,50 para 37,70 milhões de pneus em 2013 comparado ao ano anterior de acordo com os dados da ANIP Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos.

Crescimento da produção por segmento

Carga 15,2% (7,14 para 8,23 milhões)

Camionetas 20,7% (8,20 para 9,90 milhões)

Passeio 6,0% (30,62 para 32,46 milhões)

Duas rodas 2,4% (14,69 para 15,04 milhões)

Agrícola 12,7% (824 para 928 mil)

Industrial 53,9% (1,36 para 2,07 milhões)

Só dois segmentos experimentaram queda de produção: os pneus OTR com -12,6% (118 para 103 mil) e para aviões -2,9% (54 para 53 mil), segmento que também apresentou queda nas importações (-57,5%).

As vendas para montadoras cresceram 6,3%, passando de 21,18 para 22,50 milhões de unidades entre 2012 e 2013.

Já as exportações tiveram novamente um desempenho pouco favorável. “As vendas externas caíram 6,3% passando de 13,18 para 12,34 milhões de unidades entre 2012 e 2013, o que Mayer explica pela dificuldade dos produtores competirem no mercado externo pela pressão do Custo Brasil.

Balança Comercial fecha o ano com número negativo recorde

As importações totais de pneus, exclusos duas rodas cresceram 13,0%, atingindo 29,21 milhões ante 25,86 milhões de unidades em 2012. O maior crescimento ocorreu na importação de pneus para veículos de carga, que se expandiu em 22%.

“Com a queda das exportações e o aumento das importações, a balança comercial do setor ficou negativa em US$ 355,5 milhões, um novo recorde no déficit, dando continuidade à inversão que ocorreu em 2010 (-US 9,4 milhões), quando o setor deixou de ser superavitário, após anos de saldo positivo”, acrescenta o presidente-executivo da ANIP.

A participação de pneus importados no consumo aparente se manteve na faixa de 39%, com a China representando a origem de mais de quase 55% dos 44,9 milhões de pneus de todos os tipos importados, com 24,56 milhões de unidades. “Esses números mostram que se conseguirmos aumentar a competitividade dos pneus nacionais, hoje muito onerada pelo Custo Brasil, podemos ampliar a produção local e ter mais duas ou três fábricas no país”, finaliza Alberto Mayer, presidente-executivo do sistema ANIP.