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Produção de pneus volta aos volumes de 2010

Vendas para montadoras caíram 4,4% e na reposição 3% no 3º trimestre de 2016. Nos 9 meses de 2016 a queda da produção do setor chega a 1,5% comparado ao mesmo período 2015

 

A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) divulga o balanço setorial de julho a setembro de 2016. O trimestre deste ano apresenta o mesmo cenário registrado há 6 anos, ou seja, o investimento feito no período pela indústria de mais de R$ 15 bilhões não foi recuperado. Em 2010, foram vendidas quase 19 milhões de unidades de pneus. Seis anos depois, a indústria registra a venda de cerca de 18 milhões de pneus.

O volume de vendas para montadoras, em unidades, sofreu queda de 4,4% em relação ao 3º trimestre de 2015. A venda de pneus para motocicletas puxou o índice para baixo. Foram vendidas 480.107 de pneus em 2016 contra 697.357 em 2015, uma diferença negativa de 31,2%. 

Para vendas em geral (montadoras e revendedoras), o volume de vendas de pneus, em unidade, se manteve estável em relação ao mesmo período de 2015, com destaque para queda de pneus para duas rodas (-7%). “Apesar de registrarmos quedas mais amenas, os números permanecem negativos como reflexo do cenário socioeconômico nacional. Vale destacarmos que estamos comparando 2016 com um cenário já ruim em 2015, com números inferiores aos anos anteriores”, avalia Alberto Mayer, Presidente da ANIP.

Nos primeiros 9 meses do ano, o setor registra uma queda de produção de pneus de 1,5% em comparação ao mesmo período do 2015, devido à crise econômica. O índice também continua negativo para o mercado de reposição (-2,2%) no acumulado do ano.

 

Montadoras

O 3º trimestre de 2016 foi marcado pela queda nas vendas para montadoras em três importantes segmentos, em termos de volumes: Duas Rodas (-31,2%), Carga (-12,7%) e Passeio (-0,5%). Em setembro, o setor voltou a registrar queda da ordem de 13% em relação a agosto, quando foram vendidos 160 mil novos veículos em setembro, contra 183,9 mil unidades em agosto.

 

Mercado de Reposição

O desempenho das vendas para o mercado de reposição continua como o principal ponto de atenção para a indústria nacional de pneus em 2016. Neste terceiro trimestre, o setor fechou o período com retração de 3%, para os veículos de passeio a queda é de 5%. Consequentemente, cerca de 341 mil pneus deixaram de ser comercializados no acumulado do ano. “Este é um dado preocupante, pois indica que o consumidor está deixando de realizar a manutenção de um item essencial de segurança”, destaca Mayer.

 

Exportações

Em relação às exportações, o resultado das vendas de pneus para o mercado externo fechou o terceiro trimestre deste ano com crescimento de 15,9%, em relação ao mesmo período de 2015. Destaque para o mercado de pneus para caminhonetes, que exportou cerca de 1 milhão de unidades, o que representa um aumento de 53%, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Contudo, essa retomada do segmento está longe de recuperar o fôlego das exportações de dezembro de 2010.

A variação cambial, que auxilia a balança comercial seja pelo menor volume nas importações, seja pelo aumento nas exportações, continua sendo um dos principais gargalos para a baixa competitividade do produto nacional. O Real sofreu valorização da ordem de 25% desde janeiro deste ano até agosto. Na avaliação da ANIP, se a tendência de queda do câmbio prevalecer e chegar a patamares como os registrados no primeiro semestre de 2014, o volume de importações tende a aumentar substancialmente. “O que pode soar como positivo para a recuperação econômica do país é, de fato, preocupante, por fortalecer as importações de pneus que contribuem para o aumento do passivo gerado pelo não cumprimento das metas de destinação de pneus inservíveis por tradings e distribuidores independentes de pneus importados, determinando um acirramento da concorrência desleal”, explica Mayer.

No caso dos pneus, grande parte dos insumos para fabricação é importada e a valorização do Real é neutralizada pela alta incidência de impostos de importação. Recentemente, o setor foi surpreendido com o aumento do imposto de importação sobre a borracha natural, que passou de 4% para 14%. Esta decisão governamental é realimentador de inflação, uma vez que onerará os consumidores e os custos de transporte, sem que tenha favorecido a produção nacional de borracha natural que, como é pequena, já é totalmente consumida internamente.

Mesmo com este ponto de equilíbrio, o câmbio favorece países asiáticos. “Melhorar as infraestruturas e rever a carga tributária, já melhoraria a competitividade do produto nacional”, afirma Mayer.