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Os resíduos problemáticos para as redes de esgoto

A Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê a responsabilidade compartilhada entre empresas e governo para lidar com os detritos que não podem ser jogados nem na fração seca, nem na fração molhada da coleta seletiva. Alguns grupos já começaram a negociar com o governo como será feita esta logística reversa, como a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação(Abilux) e a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip).

Estão na lista dos produtos que devem ser contemplados pela logística reversa produtos como pilhas e baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes, óleos lubrificantes e produtos eletroeletrônicos. Por isso, quando o consumidor adquire um deles é seu dever perguntar a quem o vendeu como descartá-lo depois do uso.

— O fabricante vai ter que dar o caminho para o consumidor devolver o resíduo depois do uso — explica Carlos Silva Filho, diretor-executivo da Abrelpe.

Estes resíduos são extremamente poluentes para os rios e a terra. Os computadores e a televisão de tubo, por exemplo, contém chumbo e mercúrio. Já as lâmpadas contêm também pó de fósforo, que podem contaminar pessoas, causando doenças. No descarte, esses produtos precisam ser descontaminados. Não há uma lista oficial das empresas que já prestam este serviço — e não são muitos os lugares que o oferecem no Brasil.

Por causa da falta de adesão, especialistas envolvidos na luta pelo cumprimento da política nacional de resíduos sólidos preferem, de início, concentrar o debate nas duas frações: seco e molhado.

— Nós ainda estamos numa fase de incluir o cidadão pelo menos na separação do lixo em dois. Não temos uma adesão plena nem nas duas frações. Se for para falar de cada tipo de material, vai acabar que ninguém vai fazer. Gradualmente, vamos sensibilizando a população para a causa — diz Carlos.

Esgoto não é lixo

Para além dos químicos perigosos, outro grande problema é a confusão entre esgoto e lixo. Por aqui, as empresas de saneamento consideram como esgoto apenas a água suja após lavagem de louças e roupas e as necessidades fisiológicas — com algum papel higiênico. Por isso, as redes não estão preparadas para cotonetes, absorventes e fio dental jogados no vaso sanitário. Mas é o óleo de cozinha, que vai pelo ralo da pia, o grande vilão. O óleo também não pode ser misturado ao lixo comum, pois também contamina rios e o solo. Ele deve ser encaminhado para postos de coleta específicos.

Quando entra em contato com outras substâncias, o óleo se transforma em uma espécie de cola e se acumula nas paredes da tubulação. Passam, então, o fio dental e os fios de cabelo, que ajudam a formar uma espécie de teia. Este emaranhado capta os outros resíduos, como cotonetes e absorventes.

De acordo com o analista de gestão da empresa de saneamento de São Paulo (Sabesp), Gilmar Massone, a empresa gasta R$ 28 milhões para lidar com 42 mil obstruções por ano. Não houvesse o problema, os recursos poderiam ser redirecionados e financiar a construção de 40 quilômetros de rede coletora de esgoto, ou o suficiente para atender 40 mil pessoas.

 

Fonte: O Globo online