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Indústria nacional de pneumáticos sofre com a queda da produção e vendas do setor automotivo no primeiro semestre

O fornecimento do produto a montadoras pelas empresas associadas à ANIP caiu(18%) nos primeiros seis meses do ano, comparado com o mesmo período de 2013

No primeiro semestre de 2014 as vendas feitas pelos associados à ANIP Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos às montadoras tiveram uma queda de 35,9% no mês de junho e de 18% no semestre (de 11,46 milhões para 9,40 milhões), com o pico de -21,7% nos pneus para veículos de passeio: 5,23 milhões ante 6,69 milhões vendidos nos primeiros seis meses de 2013.   Isso é um reflexo direto da queda nas vendas de veículos de 17,4% em junho de 2014 em relação a junho de 2013.

O período fechou com 37,28 milhões de pneus vendidos pelos fabricantes associados à ANIP, crescendo 1,3% sobre os 36,80 milhões do mesmo período de 2013. “A entrada de um novo fabricante associado à entidade este ano, que antes era importador, mostra que não saímos do lugar”, diz Alberto Mayer, presidente-executivo da ANIP. As vendas das associadas à ANIP incluem o volume por elas importado (3,75 milhões), principalmente para atender a nichos de mercado.

Ele ressalta que apesar disso os fabricantes continuam investindo no aumento da capacidade de produção e em aperfeiçoamentos tecnológicos dos pneus, mesmo correndo o risco de estarem investindo em futura maior capacidade ociosa. “Acompanhamos de perto e com temor as perspectivas de expansão das vendas da indústria automotiva, nosso principal cliente, mesmo porque o mercado de reposição, que vem segurando o total comercializado, reflete a produção de veículos novos, com certa defasagem”, acrescenta Mayer.

O setor, no último mês de maio, empregava o contingente de 28.560 trabalhadores, registrando o maior volume de empregos diretos. Em meio à atual conjuntura adversa no mercado consumidor, para evitar a dispensa desses trabalhadores, a indústria está dando férias coletivas. Isso se deve ao fato de que a indústria de pneus depende de profissionais qualificados, sendo por isso, um dos setores com a menor taxa de rotatividade no Brasil, de apenas 13,13%.

Importação preocupa

O consumo aparente de pneus no semestre foi de 42,90 milhões de unidades, dos quais cerca de um terço representado por produtos importados. “Nossas associadas colaboraram com US$ 416,9 milhões para o saldo da balança comercial brasileira, mas devido às demais importações, no final houve um déficit de US$ 117,8 milhões na balança global de pneus no semestre”, observa o presidente da ANIP. Foram importadas no período 18,18% milhões de unidades e exportadas 6,64 milhões.

O principal fornecedor externo é a China, com 9,53 milhões de pneus, mais de 50% do total trazido do exterior. “ A aplicação do direito antidumping na importação de pneus de bicicleta levou a uma redução nas compras deste segmento, mas não contando pneus de duas rodas, as importações da China cresceram 5,6% em relação aos primeiros seis meses de 2013”, comenta Mayer. Do total de pneus de reposição comercializados no país nada menos que 35% são de pneus importados, afetando a capacidade produtiva da indústria aqui instalada.

Já com a Argentina, no primeiro semestre o intercâmbio comercial mostrou queda de 8,5% (em dólares) nas exportações do Brasil e de 0,4% nas nossas importações, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Busca de competitividade

Com a entrada de nova associada na ANIP em 2014 (Sumitomo), a produção brasileira de pneus cresceu 3,9%, passando de 33,79 para 35,12 milhões de unidades no primeiro semestre. “Embora se trate de um dado positivo, é preciso analisar dentro de um contexto mais amplo, que, apesar da mudança de pneus importados para a produção nacional, mostra a inversão da balança comercial brasileira do setor, de um saldo de US$ 443,9 milhões em 2008 para o déficit de US$ 117,8 milhões no primeiro semestre deste ano, indicando a contínua perda de competitividade da produção local” acrescenta Mayer.

Por essa razão a ANIP tem participado ativamente das reuniões com o governo federal, na busca do aumento da competitividade da indústria brasileira. “Vimos com satisfação o retorno do Reintegra, embora no início a alíquota seja muito baixa em relação ao resíduo tributário nos nossos produtos, que é superior a 3%”, comenta o presidente da entidade.

Fator muito importante para o setor industrial do país é a existência de condições de competição equivalentes a dos importadores independentes. “Nós gastamos cerca de R$ 100 milhões ao ano para recolher pneus inservíveis, como determina a legislação e temos superado todo ano as metas estabelecidas pelo IBAMA com basenos dados de venda. Já os importadores independentes têm ficado 30% abaixo do que deveriam recolher, o que reduz seus custos, e ainda cria problemas ambientais e de saúde”, avalia o presidente da ANIP. A entidade propôs ao governo alternativaspara controlar a efetiva destinação de pneus inservíveis, como a criação de uma“taxa verde”, a ser cobrada na liberação das importações e nas vendas da produção interna, tornando mais equitativa a competição e deixando clara a obrigatoriedade do recolhimento dos inservíveis também para revendedores e usuários.

Ele destaca , por fim, a questão da qualidade : “Os pneus fabricados no Brasil são de qualidade mundial e garantem a segurança dos veículos, mas o mesmo não se pode dizer de uma parcela dos importados, que não têm as mesmas características de confiabilidade e apresentam preços menores. Esperamos que o processo de testes e de qualificação pelo Inmetro por meio da etiquetagem auxilie na solução deste problema”.

Vendas globais dos fabricantes no país – (1º Semestre de 2014 ante 2013):

Pneus de carga: +2,5% (de 4,400 para 4,509 milhões)

Pneus de camioneta: +0,3% (de 4,965 para 4,981 milhões)

Pneus para passeio: -0,7% (de 18,173 para 18,040 milhões)

Pneus para duas rodas: +5,7% (de 7,714 para 8,156 milhões)

Pneus agrícolas: -6,8% (de 479 para 446 mil)

Pneus industriais: +7,3% (de 992 para 1.065 mil)

Pneus OTR: +13,7% (de 73 para 83 mil)

Total: +1,3% (de 36,796 para 37,280 milhões)