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Indústria de pneus tem queda nas vendas no 1º semestre e reforça necessidade por políticas que estimulem a competitividade e produtividade do setor

O volume de venda às montadoras teve queda de 18,7% enquanto a tonelagem teve redução de 29,9%, devido à diminuição em 44,5% nas vendas de pneus de carga. Exportações caíram 25,4%, em relação ao ano anterior.

A indústria de pneus fechou o semestre com queda de 18,7% no volume entregue às montadoras de todos os tipos de veículos, passando de 9,396 milhões para 7,636 milhões de unidades quando comparado com o período de janeiro a junho de 2014. Já em toneladas, a redução alcançou 29,9% refletindo uma menor venda de veículos de carga (caminhões e ônibus) cujos pneus têm peso e valor superior.

A desvalorização cambial não ajudou a resolver o problema de competitividade industrial do país e na exportação a perda em quantidade foi de 25,4%, caindo de 667.069 unidades em 2014 para 497.752 mil de unidades em 2015. “Além do câmbio é preciso rever a questão tributária, os encargos sobre mão de obra, o custo de energia, a burocracia, o abastecimento de insumos e criar novos acordos comerciais, entre outros aspectos, para voltarmos a ter vendas externas crescentes”, comenta Alberto Mayer, presidente executivo da ANIP Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. As associadas à ANIP, mesmo com redução do volume exportado, geraram um saldo de US$ 345 milhões na balança comercial no período, compensando quase totalmente as importações de terceiros, que também caíram.

As vendas totais de pneus seguiram em queda em junho e fecharam o semestre com a comercialização de 37,028 milhões de unidades ante 37,269 milhões de unidades em 2014, o que representa um decréscimo de 0,6%.

O mercado de reposição voltou a apresentar crescimento na quantidade vendida (+10,9%) devido ao desempenho de pneus de passeio (+16,7%), camionetas (+13,0%), duas rodas (+7,2%). A comercialização de pneus de carga teve queda de 6,2%.

Quadro – Vendas globais dos fabricantes por categoria
(em milhões de unidades – de 2014 para 2015)
• Carga – redução de 4,505 para 3,695 (-18%)
• Camioneta – de 4,977 para 4,779 (-4%)
• Passeio – de 18,040 para 19,089 (+5,8%)
• Duas rodas – de 8,156 para 7,841 (-3,9%)
• Agrícola – de 0,445 para 0,400 (-10,1%)
• OTR – de 0,082 para 0,069 (-16,7%)
• Industrial – de 1,065 para 1,155 (+8,5%)

Produção brasileira
A produção de pneus no país teve um leve crescimento, de 2%, nos primeiros seis meses deste ano quando comparado ao mesmo período de 2014, passando de 35,12 para 35,80 milhões de unidades, porém os estoques seguem altos, o que tem levado à venda com baixa rentabilidade e à interrupção das linhas de fabricação em várias unidades.

Estímulo à Competitividade e Produtividade
A ANIP entregou ao Governo Federal um documento com 11 propostas para impulsionar a competitividade e produtividade do setor. Dentre elas:

– Redução das alíquotas de importação incidentes sobre insumos essenciais não disponíveis no Brasil, reduzindo custo de produção

-Margem de preferência de 25% nas compras do poder público, como já existe para outros setores

– Especialização de profissionais para aumentar a produtividade

– Estímulo à exportação de pneus por meio de novos acordos comerciais com mercados relevantes, bem como aprimorar o processo de garantias de crédito, além da reativação do Reintegra

“O setor industrial de pneus havia programado significativos investimentos neste e nos próximos anos, de modo a acompanhar o Programa Inovar Auto, mas o momento difícil da economia do país e do setor automotivo em particular, pode colocar estes planos em suspenso.”, diz Alberto Mayer. Ele destaca que várias associadas já colocaram seus colaboradores, ou parte deles, em layoff ou férias coletivas.

Para ele a retomada do mercado ainda é incerta e essas medidas podem contribuir de forma significativa para aliviar a situação.

Logística Reversa

O alto investimento que as fabricantes nacionais realizam para a destinação de pneus inservíveis, atualmente de sua responsabilidade exclusiva, onera também a parcela de pneus destinados à exportação. “Uma política que integrasse todos os participantes da cadeia no processo de reciclagem e desonerasse fiscalmente os resíduos sólidos daria competitividade e estimularia a utilização do produto reciclado como matéria-prima, além de eliminar a concorrência desleal dos importadores que não atendem à legislação”, conclui Mayer.