Releases Anip

Crescimento da importação e queda nas vendas para a indústria automobilística preocupam os fabricantes de pneus

“Temos buscado mostrar ao Governo Federal o problema da competitividade, que é geral na indústria do país, devido aos custos logísticos, tributários, burocráticos e da mão de obra, o que, no nosso caso, se soma ao problema do descarte de inservíveis, que onera os fabricantes do país cerca de R$ 100 milhões por ano, enquanto muitos importadores não cumprem com essa obrigação, o que lhes traz mais uma vantagem competitiva”, comenta o presidente da ANIP, Alberto Mayer.

 

O fornecimento de pneus para montadoras é predominantemente atendido por produtores nacionais, que tem seus produtos por elas homologados, enquanto os importados se destinam, com raras exceções, ao mercado de reposição. “Assim também estamos sofrendo com a queda das vendas internas e das exportações automotivas para a Argentina e Venezuela, dois dos principais mercados da indústria brasileira de automóveis e pneus. Tivemos uma queda de 6,8% de vendas de pneus para as montadoras no primeiro trimestre de 2014, ante o mesmo período de 2013, passando de 5,437 para 5,067 milhões”, destaca Alberto Mayer. A principal queda se deu no fornecimento de pneus para carros de passeio (-14,8%), seguido pelo setor de máquinas agrícolas (-9,2%), que vinha apresentando um desempenho satisfatório nos anos anteriores, segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP).  “No caso das montadoras de caminhões e ônibus, que também estão reduzindo a produção, dando férias coletivas e até realizando programas de demissão voluntária, as vendas de pneus foram praticamente iguais (+0,2%) às do primeiro trimestre de 2013” comenta Mayer.

 

Concorrência desleal e dumping também marcaram o mercado de pneus no primeiro trimestre de 2014. Os outros segmentos que mais importaram neste período, foram: carga, agrícola, industrial e terraplanagem (veja abaixo os números) “Quando se olha o aumento da importação de maneira geral, que foi de 0,64%, parece pequeno, porém quando se destrincha este número nota-se que, por exemplo, no caso de pneus de carga a expansão das importações foi de 27,3%”, explica Mayer.

 

 

Aumento de importação por segmento

 

  • Carga +27,26% Agrícola +25,73%
  • Industrial +72,82%
  • Terraplanagem +132,24%  

 

A principal fonte de pneus importados continua sendo a China, que respondeu por 62% do total de unidades que entraram no país, exceto duas rodas, com ampliação de 7,65% nas entradas de produtos chineses no país. “Não somos contra as importações, desde que não haja concorrência desleal e os produtos sejam de qualidade, o que nem sempre acontece”, afirma o presidente da ANIP.  Para ele, infelizmente, o mercado interno no País é muito definido pelo menor preço, e o comprador desconsidera aspectos como segurança, durabilidade e credibilidade. “As marcas dos fabricantes que investem no Brasil obedecem a todos os parâmetros estabelecidos pelas montadoras e por órgãos de governo, o que nem sempre acontece com os importados”, defende Mayer. A importação dos pneus de carga e industrial foram os que apresentaram maior crescimento (acompanhe abaixo os números)

 

 

Aumento das importações da China por segmento

 

·         Carga 64,83%

·         Industrial 74,43%

·         Passeio 2,88%

 

As importações da China (exceto duas rodas) passaram de 4,05 para 4,36 milhões de unidades. “Mesmo com direitos antidumping, que variam de US$ 0,24 a US$ 2,56 por quilo do produto, os importadores continuam trazendo esses produtos, parte dos quais são de menor qualidade, como se vê pelas reclamações de usuários na mídia” acrescenta Mayer. Esta taxa visa corrigir a venda ao Brasil de pneus a por preços muito inferiores aos praticados no país de origem com o objetivo de eliminar a concorrência – o chamado dumping.

 

 

Importância do câmbio

 

A balança comercial do Brasil no setor de pneus registrou um déficit de 6,0 milhões de unidades no trimestre. “A desvalorização cambial tem uma dupla característica: ajuda a exportação do fabricante, porém onera o custo da importação de insumos dos quais todos os fabricantes são dependentes, como borracha natural em que o país tem produção limitada e borracha sintética, em que temos um único fornecedor local”, explica Mayer. 

 

“Grande parte dos benefícios derivados do real menos valorizado são anulados por estas importações necessárias ao processo industrial e não cobrem as diferenças de competitividade, principalmente com os países da Ásia, mormente China, que têm economias ainda não “de mercado”. Enquanto a exportação representa uma fatia relativamente pequena de mercado para as fabricantes nacionais de pneus, o real desvalorizado onera todos os pneus produzidos no país devido aos insumos importados” enfatiza o presidente da ANIP.

 

 

 

Reposição permite aumento as vendas e produção

 

Entre janeiro e março deste ano a produção de pneus no Brasil passou de 16,44 para 18,06 milhões de pneus, com aumento de 9,9% comparado ao mesmo período de 2013. Este aumento deve-se principalmente pelas vendas da nova fábrica da Sumitomo.

 

 

Períodos

Quantidades

Evolução

2003

49,2

 

2004

51,9

5,5%

2005

53,3

2,7%

2006

55,0

3,2%

2007

57,3

4,2%

2008

59,7

4,2%

2009

54,1

-9,4%

     2010 (*)

67,3

24,4%

2011

66,9

-0,6%

2012

62,7

-6,4%

      2013 (**)

68,8

9,7%

 

 

 

Jan-Mar 13

16,44

 

Jan-Mar 14

18,06

9,9%

 

 

 

(*) Nova Associada Continental

(**) Nova Associada Sumitomo

                                           BRASIL -PRODUÇÃO TOTAL DE PNEUS

                                               ( Fonte – ANIP, em milhões de unidades )

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Crescimento da produção por segmento

 

Carga 7,5% (1,90 para 2,04 milhões)

 

Passeio 10,1% (8,03 para 8,84 milhões)

 

Duas rodas 8,9% (3,70 para 4,02 milhões)

 

Agrícola 8,3% (215 para 232 mil)

 

Industrial 10,9% (464 para 514 mil)

 

Avião 6,7% (14 mil)

 

OTR 20,6% (24 para 26 mil)

 

As vendas no mercado atacadista das associadas à ANIP aumentaram 6,6%, passando de 18,06 para 19,25 milhões de unidades no primeiro trimestre deste ano comparado ao mesmo período do ano anterior, incluindo 1,74 milhões de pneus importados para complementar a produção. Assim, as importações dos fabricantes representaram no período 9,0 % do total por elas vendido.

 

 

 

 

 

 

Sobre a ANIP e Reciclanip

 

A ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (www.anip.org.br), fundada em 1960, representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, que compreende onze empresas e 20 fábricas instaladas nos Estados de São Paulo (nove), Rio de Janeiro (duas), Rio Grande do Sul (duas), Bahia (três), Paraná (três) e Amazona (uma). Ao todo, responde por 27 mil empregos diretos e 120 mil indiretos. O setor é apoiado por uma rede com mais de 5 mil pontos de venda no Brasil com 40 mil empregos. Em 2007 a ANIP criou a Reciclanip, voltada para a coleta e destinação de pneus inservíveis no País. Originária do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, de 1999, a Reciclanip é considerada uma das principais iniciativas na área de pós-consumo da indústria brasileira, por reunir mais de 800 pontos de coleta no Brasil. Desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes, 2,79 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 558 milhões de pneus de passeio.

 

Seguindo o modelo de gestão de empresas européias, com larga experiência na coleta e destinação de pneus inservíveis, a Reciclanip é diferente no quesito remuneração. Em outros países, as empresas são pagas pelos vários agentes da cadeia produtiva para cobrir as despesas operacionais e garantir a destinação de pneus inservíveis. Os consumidores europeus, quando compram novos pneus para seus veículos, por exemplo, são obrigados a pagar uma taxa para a reciclagem dos pneus velhos. Aqui no Brasil, os fabricantes de pneus novos, representados pela ANIP, arcam com todos os custos de coleta e destinação dos pneus inservíveis, como transporte, trituração e destinação.

 

O programa é desenvolvido por meio de parcerias com as prefeituras, que cedem os terrenos dentro de normas específicas de segurança e higiene para receber os pneus inservíveis vindos de origens diversas. Forma-se então, o Ponto de Coleta. São 819 em todo país, de onde a Reciclanip recolhe e transporta os pneus até as empresas de trituração ou de reaproveitamento.