Releases Anip

Indústrias de pneus trabalham abaixo da sua capacidade de produção devido à importação e queda de exportações

 

A indústria brasileira de pneus deixou de produzir 4,6 milhões de unidades na comparação de 2010 com 2012, quando foram produzidos no país respectivamente 67,3 milhões e 62,7 milhões de pneus de todos os tipos, segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP). Quando se olha o setor de carga isoladamente, a queda é proporcionalmente ainda maior. O presidente da entidade, Alberto Mayer, afirma que o principal motivo é o aumento de importações de pneus. “Para que possamos ocupar integralmente as atuais fábricas e pensar em novas, estamos avaliando com o governo formas de ampliar a competitividade da indústria brasileira de pneus, de modo a reduzir a importação e ampliar as exportações, contribuindo para um melhor desempenho da balança comercial brasileira”, explica o presidente da ANIP.  Para este ano, está prevista a produção de 64,8 milhões de unidades, um aumento da ordem de 2% quando comparado ao ano anterior, provocado pela alta do dólar.

 

Atualmente, cerca de 40% do mercado interno é atendido por produtos importados, em parte com baixo padrão de qualidade. “Em 2012 foram importados mais de 26 milhões de pneus, o que corresponde a 2 fábricas de médias a grandes, que podem representar um volume significativo de investimentos e a geração de novos postos de trabalho no país”, afirma Mayer. Hoje existem 17 fábricas no país, incluindo as que produzem apenas pneus especiais, de bicicletas e para motos.

 

O presidente da ANIP comenta ainda que boa parte dos importados entra no país de forma irregular ou é de baixa qualidade e, se submetida à verificação não receberia aprovação do Inmetro. “Além disso, esses produtos importados, especialmente da Ásia, que já não enfrentam o Custo Brasil, deixam de cumprir as exigências ambientais de recolhimento para destinação correta dos inservíveis, que para a indústria brasileira representa um ônus anual da ordem de R$ 80 milhões”, acrescenta Alberto Mayer. Ele explica que esse não recolhimento por importadores tem ainda como efeito criar um passivo ambiental e de saúde, pois os pneus levam 600 anos para se degradar e podem se transformar em criadouros de insetos, especialmente da dengue, um problema sério no país.

 

Investimentos

Apesar do cenário desfavorável, com o aumento das importações levando à redução da produção entre 2010 e 2012, as empresas do setor instaladas no Brasil mantiveram seu plano de investimentos, da ordem de R$ 10,7 bilhões entre 2007 e 2015, para aumentar a capacidade produtiva, introduzir inovações tecnológicas e melhorar cada vez mais a qualidade dentro das especificidades do mercado brasileiro, aponta o presidente da ANIP.  “Empresas como Bridgestone, Continental, Goodyear, Levorin, Michelin, e Pirelli, ao lado da Sumitomo que está chegando com fábrica ao Brasil, mostram que, mesmo com capacidade disponível, o setor continua investindo para suprir a maior demanda esperada, principalmente motivada pelo plano Inovar Auto”, enfatiza Mayer.

 

 

Déficit no Comércio exterior

A importação de pneus (exceto duas rodas) aumentou 25,5% na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2012 e 2013, passando de 7,76 milhões de unidades para 9,73 milhões de unidades. A principal origem desses importados é a Ásia, com as compras do maior fornecedor, a China, passando de 4,42 milhões de unidades (exceto pneus para veículos de duas rodas) para 5,16 milhões de unidades, uma expansão de 16,5% nos primeiros quatro meses de 2013 em relação a 2012.

 

Já a exportação de pneus brasileiros seguiu caminho oposto, com queda de 10,6% no mesmo período, passando de 4,78 para 4,27 milhões de unidades. “Estamos reduzindo as exportações e aumentando as importações, exatamente o contrário do que o país precisa para evitar a continuidade do processo de desindustrialização. A indústria brasileira de pneus detém tecnologia de última geração, fabrica produtos adequados às condições brasileiras e vinha contribuindo com saldo positivo para a balança comercial, mas nestes dois últimos anos a situação se inverteu, devido ao aumento de custos no Brasil e à competição desigual com os importados”, acrescenta Mayer. Ele ainda afirma que é uma potencial contribuição à balança comercial brasileira se a indústria nacional de pneumáticos conseguirem aumentar sua competitividade com ações que vem sendo propostas ao Governo.

 

Sobre a ANIP

A ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (www.anip.org.br), fundada em 1960, representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, que compreende dez empresas e 17 fábricas instaladas nos Estadosde São Paulo (sete), Rio de Janeiro (três), Rio Grande do Sul (duas), Bahia (três), Paraná (uma) e Amazona (uma). Ao todo, responde por 26 mil empregos diretos e 120 mil indiretos. O setor é apoiado por uma redecom mais de 4.500 pontos de venda no Brasil com 40 mil empregos. Em2007 a ANIP criou a Reciclanip, voltada para a coleta e destinação de pneus inservíveis no País. Originária do ProgramaNacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, de1999, a Reciclanip é considerada uma das principais iniciativas na área de pós-consumo da indústria brasileira, por reunirmais de 800 pontos de coleta no Brasil. Desde 1999, quando começou a coleta dos pneus inservíveis pelos fabricantes,mais de 2,37 milhõesde toneladas de pneus inservíveis, o equivalente a 474 milhõesde pneus de passeio, foram coletados e destinados adequadamente.

 

Prêmio-E – O trabalho de coleta e destinação de pneus inservíveis realizado pela ANIP/ Reciclanip recebeu um reconhecimento da UNESCO, o Prêmio-E na categoria “Economia”, entregue durante a durante a Rio+20, realizada em junho de 2012 no Rio de Janeiro. A premiação, em sua 1ª edição, integrou a programação oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de reconhecer as iniciativas socioambientais mais representativas dos últimos 20 anos, executadas após a ECO-92. Idealizada por Oscar Metsavaht, embaixador da Boa Vontade da UNESCO, o prêmio é uma parceria do Instituto-E  (http://www.institutoe.org.br/premioe/ ), Prefeitura do Rio de Janeiro e UNESCO.