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Queda nas vendas para montadoras e nas exportações derruba setor de pneus em 2015

Vendas de pneus para montadoras despencou -23,9% em 2015, acompanhando a retração do setor automotivo e o desaquecimento da economia

A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), que representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, divulga hoje o balanço setorial do ano de 2015.

Em unidades de pneus

O setor apresentou queda de -1,2% nas vendas ao longo do ano em unidades de pneus. Mesmo com a alta de 9% nas vendas para o mercado de reposição, a forte redução nas vendas de pneus para as montadoras (-23,9%) e para o mercado externo (-1,7%) puxou o setor para o vermelho em 2015.

Em toneladas

Na avaliação por toneladas, que considera o peso por unidade de pneu vendido, o quadro é ainda pior. Neste parâmetro, o setor de pneus registrou queda de -7,6% no total das vendas, também em função do decréscimo das vendas para montadoras (-34,7%) e para exportação (-6,7%).

Equipamento original

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a retração observada no setor automotivo foi de 26,6% nas unidades negociadas em 2015, o que ocasionou uma queda expressiva nas vendas de pneus para as montadoras, levando à retração de 23,9% de unidades de pneus comercializados em 2015, fortemente impactada pelo fraco desempenho das vendas de pneus de passeio (-22,4%) e de carga (-49,6%). “O pneu de carga é um produto de alto valor agregado, cuja redução nas vendas impacta fortemente as receitas do setor”, avalia Alberto Mayer, Presidente da ANIP. O segmento de pneus de carga decresceu de 1,9 milhão de unidades vendidas em 2014 para 964 mil unidades em 2015.

Mercado de reposição

Em 2015, o mercado de reposição de pneus reduziu 3,7% em relação a 2014, saindo de uma demanda de 62,9 milhões de pneus em 2014 para 60,6 milhões em 2015. Contudo, em 2015, as vendas dos fabricantes nacionais para esse mesmo mercado cresceram 9%. Segundo Mayer, a queda de -29,4% na importação de pneus no mesmo período, motivada pela variação cambial, abriu “espaço” para as vendas dos pneus nacionais no mercado de reposição. “Contudo, a expectativa é de que o mercado de reposição caia no médio prazo, afetando ainda mais as receitas do setor. O consumidor tem optado por manter seu veículo, realizando manutenções que levam à troca de pneus. No entanto, essa substituição não é realizada todos os anos, o que impactará as vendas de reposição”, explica Mayer.

Exportações têm competitividade como “freio”

As exportações de pneus nacionais caíram -1,7% em 2015. Ainda assim, os fabricantes nacionais de pneus seguem contribuindo positivamente para a balança comercial do país, sobretudo devido à queda de -26,8% nas importações dos fabricantes nacionais durante o período, as quais representam 7,5% do total de pneus produzidos no país. Em 2015, a balança comercial dos fabricantes nacionais de pneus obteve um superávit de U$S 743,49 milhões, com saldo de 6,99 milhões de unidades de pneus (exportações menos importações). “Há um esforço para se aumentar a exportação de pneus, porém ainda enfrentamos elevados custos operacionais e tributários no país, que acabam limitando a competitividade do produto no exterior”, destaca Mayer.

Segundo o Presidente da ANIP, a indústria nacional de pneus é pouco beneficiada com a desvalorização cambial, uma vez que grande parte dos insumos utilizados na produção dos pneus no Brasil é importada. “O país não é autossuficiente em borracha natural, por exemplo, por isso é necessário importar, e ainda há uma tributação elevada sobre insumos estratégicos que não estão disponíveis no mercado nacional, comprometendo negativamente a competitividade do setor e, consequentemente, do produto nacional”, pontua.

 

Livro branco

A necessidade de adoção de políticas que aumentem a competitividade do setor de pneus levou a ANIP a apresentar propostas para alavancar o crescimento do setor, como questões fiscais e tributárias, desoneração do processo de logística reversa, melhor acesso a insumos essenciais para a produção de pneus, estímulos à exportação, implantação de margem de preferência para a indústria nacional nas compras públicas. Essas propostas estão no Livro Branco da Indústria de Pneus, disponível no site da ANIP (www.anip.org.br).

 

Reciclanip

Em 2015, a Reciclanip, entidade sem fins lucrativos criada pela indústria nacional de pneus para cuidar exclusivamente da coleta e destinação de pneus inservíveis em todo o país, coletou e destinou de forma ambientalmente correta 451,7 mil toneladas de pneus, o equivalente a 90,3 milhões de unidades de pneus de carros de passeio. Nos últimos cinco anos, a entidade superou a meta de reciclagem estabelecida pelo Ibama. No ano passado, o IBAMA divulgou o Relatório de Pneumáticos – Resolução Conama 416/09, em que atesta que a indústria nacional de pneus cumpriu 106,98% da meta de coleta e destinação de pneus, superando-a em 6,98%. Os importadores de pneus, por outro lado, cumpriram apenas 77,9%, aquém do estipulado pelo órgão ambiental.

Desde 1999, quando começou a coleta e a destinação de pneus inservíveis pelos fabricantes nacionais de pneus, 3,57 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 713,4 milhões de unidade de pneus de passeio. Desde então, os fabricantes de pneus já investiram R$ 804,8 milhões no programa até 2015.