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Queda de 25% nas vendas para montadoras derruba setor de pneus entre janeiro e abril

  • Vendas para reposição também marcam uma retração de 2,4%, em comparação ao mesmo período do 2015
  • Vendas para todos os canais caíram de 3,2%, em comparação nos primeiros quatro meses do ano passado
  • Declínio acompanha a retração do setor automotivo e o desaquecimento da economia

São Paulo, maio de 2016 – A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), que representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, divulga o balanço setorial de janeiro a abril de 2016. Segundo a associação, o volume de vendas de pneus teve queda de 3,2% em relação ao mesmo período de 2015, com destaque para os segmentos de pneu industrial, agrícola e duas rodas. “Os resultados negativos são reflexos principalmente da crise em que o país se encontra. A queda do ritmo produtivo está diretamente relacionada com a redução da demanda desses mercados”, avalia Alberto Mayer, Presidente da ANIP.

De janeiro a abril deste ano, a balança comercial dos fabricantes nacionais de pneus manteve o superávit de U$S 269,55 milhões, com um saldo de 3,44 milhões de unidades de pneus (exportações menos importações).

Comparando o 1º quadrimestre corrente ao 1º quadrimestre de 2015, temos:

VENDAS TOTAIS DE PNEUS

(Jan-Abr 2016 x Jan-Abr 2015)

Em unidade Em toneladas
Reposição -2,4% -8,2%
Exportação +23,2% +20,0%
Montadoras -25,0% -28,2%
TOTAL -3,2% -7,3%

 

Montadoras

O acumulado do 1º quadrimestre de 2016 foi marcado pela queda nas vendas para montadoras em todos os segmentos, em unidades de pneus: Industriais (-73,4%), OTR (-48,2%), Duas Rodas (-42,2%), Carga (-36,7%), Agrícola (-34,7%), Passeio (-23,0%) e Camioneta (-4,8%). O resultado reflete a queda do ritmo produtivo do setor automotivo em função da menor demanda. Segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a produção de veículos caiu 25,8% entre janeiro e abril deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

O gráfico abaixo traz a média móvel, sem os efeitos da sazonalidade, a movimentação das vendas dos pneus para as montadoras no período de janeiro de 2011 até abril de 2016.

 

Mercado de Reposição

O desempenho das vendas para o mercado de reposição se transformou em um ponto de atenção para a indústria nacional de pneus em 2016. No acumulado de janeiro a abril, o setor fechou o período com retração de 2,4%, destaque para a queda de vendas de pneus industriais (-54,4%) e de duas rodas (-14,2%). Essa porcentagem representa cerca de 363 mil pneus que deixaram de ser comercializados. “Este é um dado preocupante, pois de um lado pode mostrar uma circulação mais baixa de veículos e, por outro pode indicar que o consumidor está deixando de realizar a manutenção de um item essencial de segurança. A atenção maior fica na queda expressiva nas vendas de pneus duas rodas que pode indicar que esses consumidores estão migrando para o mercado de reforma de pneus de motocicletas, o que, além de ser ilegal, torna-se um risco enorme para a segurança dos motociclistas, pois esses pneus não são produzidos para serem reformados”, destaca Mayer.

 

Exportações

Em relação às exportações, o resultado das vendas de pneus para o mercado externo entre janeiro de 2011 e abril de 2016, destacado no gráfico abaixo, começou a se restabelecer no segundo semestre do ano passado e fechou o acumulado de janeiro até abril deste ano com crescimento de 23,2%, em relação ao mesmo mês de 2015, destaque para o mercado de pneus de passeios que exportou cerca de 1,8 milhão de unidades, número que representa um aumento de 45,6%, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Contudo, essa retomada do segmento está longe de recuperar o fôlego das exportações de janeiro de 2011.

A desvalorização cambial mascara a baixa competitividade do produto nacional, embora grande parte dos insumos para fabricação dos pneus seja importada, neutralizando em parte esta vantagem. Mesmo assim, determinou um crescimento nas exportações, inclusive graças aos esforços dos fabricantes em aumentar as vendas no exterior.

Contudo, segundo Mayer, esta melhora de competitividade é efêmera, pois o mecanismo do câmbio é muito usado principalmente por países asiáticos e na própria China como fator de facilitação comercial. “O que precisamos para alavancar o setor são políticas mais justas e que melhorem a competitividade do produto brasileiro no exterior, dado que a concorrência no mercado global de pneus é acirrada”, afirma Mayer.

 

Livro Branco

A necessidade de adoção de políticas que aumentem a competitividade do setor de pneus levou a ANIP a lançar o documento Livro Branco da Indústria de Pneus, que contém propostas para alavancar o crescimento do setor, como a redução do custo logístico, desoneração do processo de logística reversa, melhor acesso a insumos essenciais para a produção de pneus, estímulos à exportação, implantação de margem de preferência para a indústria nacional nas compras públicas, entre outras. O documento está disponível no site da ANIP (www.anip.org.br)

 

Reciclanip

Até abril de 2016, a Reciclanip coletou e destinou de forma ambientalmente correta mais de 148,9 mil toneladas de pneus inservíveis, quantia que equivale a 29,8 milhões de unidades de pneus de carros de passeio. Desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes, 3,68 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 736,0 milhões de pneus de carro de passeio. Desde então, os fabricantes de pneus já investiram R$ 835,5 milhões no programa até abril de 2016.

“A previsão de investimento para 2016 é de R$ 114,8 milhões, valor superior ao investido no ano passado. Esses recursos são utilizados para os gastos logísticos, que hoje representam mais de 60% dos nossos pagamentos, e também para todos os investimentos de destinações. Temos hoje mais de 1.000 pontos de coleta e uma média de 90 caminhões transitando diariamente, em todos os dias do ano. Toda essa complexa operação logística é comandada pela Reciclanip, que já tem experiência acumulada há 17 anos”, explica Alberto Mayer,