Releases Associadas

Pneus, ambiente, saúde e asfalto borracha

 O consumo aparente de pneus no Brasil superou 93 milhões de unidades em 2012. Cerca de 60% foram fabricados no país e o restante importado. As dez indústrias do setor, com 17 fábricas de padrão tecnológico mundial em seis estados, respondem por 1% do PIB industrial, empregam 26 mil pessoas, pagam o maior salário médio da indústria manufatureira de acordo com o IBGE, e geram 150 mil postos indiretos.


Abastecem o setor automotivo e outros, exportam parte da produção e mantêm o maior programa de logística reversa do país, recolhendo pneus inservíveis em mais de 800 pontos.  Este trabalho é feito pela Reciclanip, associação sem fins lucrativos mantida pela indústria, com investimentos que em 2013 atingem R$ 80 milhões.

A resistência do pneu à destruição após o término da vida útil faz com que seja visto como inimigo do meio ambiente, pois, largado em terrenos sem preparo, pode se tornar um criadouro de insetos, em especial o da dengue.

Por isso, o IBAMA acompanha o descarte correto e a atuação da Reciclanip, com base a parâmetros anuais que vêm sendo superados pela entidade atingindo mais de 100% da meta de recolhimento.

Apesar desse monumental esforço, envolvendo uma frota de caminhões que percorrem o país de norte a sul, para recolher pneus inservíveis e entregar aos recicladores ou a produtores de cimento – que não existem em todas as regiões, ainda sobram pneus sem serem recolhidos, destruídos ou reciclados.

A razão é simples: mais de 40% dos pneus são importados e parcela significativa dos importadores não atende às exigências do IBAMA de recolhimento de inservíveis. Parte deles não tem existência regular e não são cobrados, outros apresentam certificados de destinação dos inservíveis com origem duvidosa, e muitas vezes a fiscalização é deficiente.

O recolhimento pela Reciclanip é feito por convênios com empresas ou prefeituras, que cedem áreas para descarte provisório. A entidade retira o que está nesses locais, inclusive pneus importados, o que aumenta seu custo sem poder repassar as despesas aos responsáveis.

Essa parcela de produtos do exterior que não atende às exigências de recolhimento pós-consumo, afeta a produção nacional, que vem caindo nos últimos anos pela dificuldade de competir em função do Custo Brasil, e ainda é responsável por um passivo ambiental e de saúde, como a expansão da dengue.

Os pneus inservíveis recolhidos têm três destinações principais: a queima em fornos de cimento, que é onerosa para a Reciclanip, a trituração em instalações específicas separando borracha do aço – este reutilizado depois pelas indústrias siderúrgicas e metalúrgicas, e a produção direta de artefatos como sandálias e outros.

Já a borracha resultante do processo de separação do aço é transformada em asfalto borracha ou reciclada na indústria de artefatos.

Cerca de 33% do custo da Reciclanip são tributos pagos pela entidade e seus fornecedores, em especial empresas que realizam o recolhimento e transporte até o local de destinação adequada.

A ANIP sugere a desoneração de tributos na reciclagem de todos os produtos pelos três níveis de governo, pois o Plano Nacional de Resíduos Sólidos criou novas responsabilidades aos produtores. Outra medida que a indústria de pneus sugere é estimular o uso do asfalto borracha na pavimentação urbana e, especialmente, nas estradas.

Concessionárias de rodovias já usam o produto por suas qualidades: maior durabilidade do pavimento, melhor aderência do veículo ao solo, mais eficácia na frenagem, menos trincas e formação de trilhas de rodagem.
  
Essas medidas permitirão reduzir o passivo ambiental e de saúde causado pelo descarte inadequado dos pneus, oferecer mais segurança em ruas e rodovias e aumentar a competitividade da indústria nacional, que disputa mercado com produtos que não têm a mesma qualidade, não são onerados pelo Custo Brasil e não pagam o trabalho de recolhimento de inservíveis.

Alberto Mayer é Presidente Executivo da ANIP Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos

 

Fonte: O Estado de SP