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Indústria brasileira de pneus domina importações no trimestre Fonte: Monitor Mercantil – 09.05.2014

A importação de pneus, apontada pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) como o grande vilão e destruidor de empregos, torna-se o principal alvo de negócios da indústria nacional.

É o que o mostra levantamento da Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip), que indicou que de janeiro a março a indústria elevou importações em 140,4%.

Além disso, segundo o estudo, de cada 10 pneus importados no primeiro trimestre, 5,1 foram feitos pela indústria (que deveria produzi-los e não importá-los); a indústria bateu recorde de importação e também promoveu alta de preços: entre 3,0% e 3,5%, com pico de até 12%. Em 2013 já haviam aumentado preços em 12,7%; enquanto a indústria aumentou suas importações em 140,4%, os independentes reduziram as suas em 17,4%; e a indústria brasileira de pneus nunca importou tanto como no primeiro trimestre de 2014: a expansão foi de 140,40%, para um total de 271.524 unidades trazidas de filiais do exterior para comercialização no mercado nacional.

– Os dados levantados pelo Departamento de Economia da Abidip mostram que de cada 10 pneus importados entre janeiro e março deste ano, 5,1 foram trazidos pelas empresas que dizem produzir pneus no Brasil – afirma o diretor-executivo da Abidip, Milton Favaro Junior.

Ainda segundo ele, ?os números mostram que a indústria não tem capacidade para produzir pneus de carga, uma vez que importaram 51% dos pneus que deram entrada no mercado brasileiro neste ano. Isso mostra que a indústria ainda não entendeu que a frota brasileira dobrou nos últimos 10 anos, isso mostra que ela não consolidou e não concretizou os propalados projetos de investimentos acenados ao governo e, de forma monopolista, empreende processos por antidumping nas importações, sendo que ela mesma, a indústria, nunca importou tanto como neste primeiro trimestre.?

Enquanto a indústria nacional ampliou suas compras no exterior em 140,4%, todos os importadores independentes juntos registraram recuo de 17,43% nas importações realizadas entre janeiro e março deste ano, para 258.883 unidades.

Segundo Milton Favaro Junior, um dos objetivos da importação de pneus é o de ampliar a concorrência ?leal?, dotar o mercado de produtos de alta tecnologia – em detrimento do que é ofertado pela indústria local – e mais importante, trazer pneus a preços competitivos, que permitam reduzir o custo do transporte.

– Para quem não sabe, depois do combustível e da folha de pagamentos, os pneus são a maior conta para uma empresa de transporte. Veja que ao mesmo tempo em que a indústria amplia suas importações de pneus de carga em 140,40% no ano, ela também está promovendo uma mudança de tabela de preços que embute aumentos entre 3,0% e 3,5%, chegando a picos de 10% e 12%?, diz o diretor-executivo da Abidip, ao destacar que em 2013 dados estatísticos apurados pelo Departamento de Estudos Econômicos e Custos Operacionais (Decope), da NTC&Logística, já detectaram aumento médio de 12,7% em pneus de carga na medida 275/80 22,5R: ?se o governo entendesse que o objetivo do pneu importado é reduzir custos do transporte, da logística e do frete e não cobrasse o antidumping, os preços dos pneus importados poderiam ficar até 30% mais baratos?, afirma Favaro Júnior, ao chamar a atenção da Câmara de Comércio Exterior (Camex) – que decide no dia 18 de junho pela prorrogação ou pelo fim do processo por antidumping contra pneus oriundos da China, bem como a decisão pela abertura de antidumping contra pneus de carga oriundos da Coréia do Sul, Tailândia, África do Sul, Rússia, Taiwan e Japão.

Outro aspecto relevante destacado pelo executivo é o impacto do preço do pneu na cadeia de transportes no Brasil. Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), a frota brasileira de caminhões conta hoje com 1,2 milhão de unidades, cuja idade média é de 21 anos para motoristas autônomos e de 8,5 anos para empresas.

– Se desses 1,2 milhão de caminhões o custo com pneus pudesse ser reduzido em 30% quanto seria o ganho logístico, de barateamento do frete, de impacto menor na conta da inflação?. Pela análise dos preços que são pagos pela indústria nacional – para importar um pneu de carga da medida 295, que é a mais usada no Brasil -, e comparando com pneus sul-coreanos – que pagam mais caro que as industriais nacionais para importar -, cabe uma pergunta. Como o pneu sul-coreano importado – que é adquirido a um preço mais alto na importação consegue chegar mais barato para as transportadoras? A resposta é simples: está na elevadíssima margem de lucro cobrada pelas empresas nacionais sobre os pneus que elas produzem aqui e sobre os pneus que elas importam. Se a indústria nacional reduzisse suas margens de lucros sobre um pneu na medida 295 – justamente o pneu que tem maior impacto na formação de preços do frete – isso teria um impacto direto no custo final do produto ao consumidor. Pneu mais barato, representa menor custo ao transportador, um frete menor e uma mercadoria mais barata nos supermercados. Imagine o impacto disso em um país onde cerca de 60% do transporte de mercadorias é feito por caminhões – diz Milton Favaro Junior.

Em sondagem da Abidip junto a frotistas do Estado de São Paulo, constata-se que o custo por quilômetro rodado a partir de pneus importados garante uma redução de custos de até 30% para as transportadoras.

– O governo brasileiro precisa entender que quem está importando pneus em excesso é a indústria brasileira de pneus, que em vez de importar deveria estar investindo na expansão de suas fábricas que hoje contam com máquinas, processos e produtos obsoletos – afirma o diretor-executivo da Abidip, ao apontar a real origem das importações da indústria.

Fonte: Monitor Mercantil