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Pneu usado pode deixar de ser transtorno

Todos os anos, milhões de pneus chegam ao final de sua vida útil e têm de ser descartados. Esse é um problema sério enfrentado pela sociedade em geral e pela indústria de pneumáticos, que tem a responsabilidade, pela legislação brasileira, de dar uma destinação ambientalmente adequada aos pneus inservíveis, como são chamados.
Tentando equacionar esse problema, a indústria de pneumáticos criou, em março de 2007, a Reciclanip entidade voltada para a coleta e destinação de pneus inservíveis. Ela é uma consolidação do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, que vem desde 1999. Desde então, 200 milhões de pneus de passeio tiveram destino ambientalmente responsável.
Para atingir esses resultados, a indústria de pneus novos investiu US$ 71 milhões desde o início do programa até 2008 e tinha previsão de investir mais de US$ 20 milhões em 2009.   Segundo a engenheira química Renata Murad, gerente geral da Reciclanip o objetivo é transformar a entidade numa referência em gestão de resíduos pós-consumo no País e fazer com que esse processo de reaproveitamento dos pneus seja auto-sustentável, ou seja, que as empresas de todos os elos da cadeia obtenham lucro com ele e cada vez menos pneus sejam descartados de forma inadequada. Hoje, a indústria de pneumáticos precisa subsidiar o processo para que os pneus sejam reciclados.   Para conseguir sucesso em sua missão, a Reciclanip atua prioritariamente em convênio com prefeituras de todo o território nacional [confira os pontos de coleta no Brasil inteiro no site da entidade: www.Reciclanip.com.br], que cedem os locais e a estrutura para a instalação das centrais de recepção. A Reciclanip é responsável pelo transporte dos pneus a partir do ponto de coleta até as empresas de trituração ou de reaproveitamento. Essas empresas, segundo Renata Murad, se colocam na posição de prestadoras de serviço para a indústria de pneumáticos e cobram para realizar o trabalho de trituração dos pneus. Elas alegam que o trabalho não é economicamente auto-sustentável, ou seja, não dá lucro vender os pneus triturados à indústria cimenteira – principal destinação –, que os utilizam como combustível alternativo.   De uma maneira lenta ainda, está ocorrendo também o que a Reciclanip chama de valorização de material. Indústrias com tecnologia para separar a borracha, o aço e o têxtil dos pneus estão propiciando que eles tenham destinações mais nobres. Esse é o ‘pulo do gato’ que a indústria de pneus pretende dar nos próximos anos para que a sociedade como um todo entre firme no processo de reciclagem de pneus.   “Essa borracha já é matéria-prima para a indústria de artefatos, e aí a gente está falando de tapete, rodinha, asfalto-borracha, concreto modificado. O aço também já encontra uma valorização para retorno na indústria siderúrgica”, explica a engenheira.   Segundo Renata Murad, a valorização de material representa hoje apenas 12% da destinação dos pneus inservíveis. Por ser em volume ainda bastante pequeno, a Reciclanip aposta mesmo na valorização energética na co-geração, que são caldeiras, movidas a biomassa, que utilizam o pneu como co-combustível. “São projetos que estão em fase de licenciamento neste momento e, conseguindo isso, a gente vai ter uma concorrência em volume de fato com as cimenteiras e aí haverá uma reversão. Acredito que em cinco anos estaremos conseguindo um cenário bem diferente de valorização para esse tipo de resíduo.”   Mais responsabilidade ao consumidor   Apesar de inegavelmente a indústria de pneumáticos ter a maior responsabilidade sobre a destinação ambientalmente adequada dos pneus inservíveis, Renata Murad acredita que o consumidor final deveria, como ocorre em países da Europa, ter sua parcela de responsabilidade no descarte do produto.   “A legislação dá responsabilidade exclusiva ao fabricante. Então, ela não contribui para que a cadeia seja consciente. Se ela tivesse uma responsabilidade de logística reversa, talvez a história fosse diferente. Vou te dar um exemplo, que são as embalagens de agrotóxicos: existe uma lei que diz que o usuário tem que retornar essa embalagem ao fabricante. No caso de pneus, as cotas de destinação são impostas exclusivamente ao fabricante. Então você, dono do pneu, se não quiser me dar [para ser reciclado], não precisa. Seria interessante que a cadeia toda estivesse envolvida. O que a gente pede é esse engajamento do proprietário. Que a pessoa faça a contribuição de sua parte, que é deixar o pneu na revenda, no ponto de coleta, que daí pra frente a gente se encarrega.” 
 
Fonte: Consumo em Pauta