Produção de pneus cresce 2,8% no Brasil no 1º quadrimestre
Fonte: Automotive Business – 19.05.2015
Reposição sustenta bom momento da indústria, enquanto OEM desacelera
REDAÇÃO AB
A produção de pneus cresceu 2,8% no Brasil no primeiro quadrimestre do ano se comparado com igual período do ano passado, para um total de 24,5 milhões de unidades, conforme dados divulgados na terça-feira, 19, pela Anip, Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. Apesar da leve alta, a entidade aponta que diversas fábricas adotaram medidas para reduzir o ritmo de produção, algumas parando completamente as linhas de montagem, por meio dos sistemas de layoff e programa de demissão voluntária (PDV):
“Entretanto, a expectativa é de reversão do clima negativo antes do fim do ano. Acreditamos que o Brasil deve passar por esta fase de ajustes para retomar um caminho de crescimento, porém sem deixar de lado medidas que poderiam tornar menos difíceis estes momentos de crise”, diz Alberto Mayer, presidente da Anip.
Por outro lado, as vendas no mercado interno seguem em baixa: nos primeiros quatro meses do ano, as entregas somaram 24,8 milhões, volume 2% menor que o registrado entre janeiro-abril de 2014. A maior redução é proveniente do mercado original (OEM), cujo fornecimento é feito diretamente para as montadoras: a retração foi de 21,5% na mesma base de comparação, para 5,24 milhões de unidades.
No segmento original, o pior desempenho vem dos pneus de carga, para o qual houve retração de 44,7%, passando de 754,6 mil unidades para 417,2 mil, acompanhando a queda de 46,9% das vendas de caminhões nos mesmos primeiros quatro meses do ano. Os números também refletem a mesma situação apresentada pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) com o Índice ABCR de Atividade, que mede o fluxo de veículos nas estradas concedidas à iniciativa privada, cujo resultado de abril mostrou queda de 6,1% no tráfego de veículos pesados. Considerando o mercado geral (vendas às montadoras, mercado de reposição e exportações), as vendas de pneus de carga decresceram 17,5%, para 2,5 milhões de unidades.
Já o mercado de reposição, na contramão do OEM, registrou crescimento de 10,9% no primeiro quadrimestre, para 15,6 milhões de unidades.
“Estamos vivendo um período de queda geral nas vendas para as montadoras, acompanhando o que acontece com a indústria automotiva, mas normalmente o mercado de reposição se mantém nestas crises. Quando não se compra veículos novos ocorre a substituição dos pneus e outras peças que se desgastam, mas no setor de carga isto não está acontecendo este ano”, diz Mayer, que acrescenta que a expectativa é ruim para o setor de pneus, pelo menos no curto prazo, justificado pela correlação entre o andamento das variações negativas do PIB e a redução das vendas de novos veículos.
Para o mercado externo, as vendas de pneus produzidos no Brasil também caíram 13,5% entre janeiro e abril contra iguais meses do ano passado, para 3,97 milhões de unidades. Mayer acredita que são necessárias iniciativas do governo para possibilitar um crescimento das exportações.
“A queda de 13,5% nas exportações das empresas associadas nos primeiros quatro meses do ano reflete a contínua perda de competitividade do produto nacional. Vários fatores se somam para este efeito: o aumento dos custos de matérias-primas que precisam ser importadas pela produção nacional insuficiente, bem como os moldes gravados com o imposto de importação de 30% que deixam as empresas do País sem condições de competir no cenário internacional, além desses fatores, podemos considerar a mudança nas regras do Reintegra, o custo da mão de obra, a alta tributação e a falta de acordos comerciais com os demais países consumidores, a exemplo de Estados Unidos e União Europeia.”